De acordo com o INCA, a remissão de câncer é possível em 80% das crianças e adolescentes com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Saiba mais!
O câncer na infância e adolescência é considerado um importante problema de saúde pública e já representa a primeira causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no país, cerca de 8% do total, com pico de incidência na faixa de 4 a 5 anos e um segundo pico entre 16 e 18 anos, conforme dados fornecidos pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA).
O órgão federal, que é vinculado ao Ministério da Saúde, também estima que cerca de 80% das crianças e dos adolescentes acometidos pela doença podem ser curados, principalmente se diagnosticados em suas fases iniciais e tratados adequadamente.
Nessa faixa etária, o câncer tende a apresentar menores períodos de latência, crescendo mais rapidamente. Entretanto, como consequência desse comportamento, proporciona melhores respostas ao tratamento quimioterápico. Diferentemente de como ocorre com os adultos, não há relação com condições ambientais ou estilo de vida, mas é válido considerar que em alguns tipos de câncer a susceptibilidade genética tem papel importante.
Diagnóstico precoce e incidência de câncer no Brasil
No Brasil, assim como em todo o mundo, as leucemias, os tumores de sistema nervoso central e os linfomas são, nessa ordem, os mais frequentes cânceres pediátricos. Porém, não se pode deixar de citar outras formas em que pode ocorrer, tais como neuroblastoma, hepatoblastoma, tumor de Wilms, retinoblastoma, tumores germinativos, osteossarcoma, sarcomas de partes moles, além de outras formas raras.
O diagnóstico precoce é um dos principais fatores na redução da mortalidade pela doença. Além disso, a detecção do câncer em estadiamentos iniciais pode reduzir as complicações agudas e tardias relacionadas ao tratamento, melhorando a qualidade de vida dessas crianças e adolescentes nos anos de vida que virão.
Principais sintomas do câncer infantil
Os sintomas do câncer infantil muitas vezes são inespecíficos e por isso confundidos com outras doenças comuns entre as crianças. Importante dar atenção para as situações não habituais e para sintomas persistentes. Esses quadros podem não ser um caso de câncer, mas precisam ser investigados cuidadosamente por profissionais de saúde o mais brevemente possível.
Em geral, os sinais de alerta são: febre persistente; palidez cutâneo-mucosa; perda de peso inexplicada; manchas arroxeadas ou sangramentos; sudorese noturna; caroços ou inchaços, principalmente indolores e sem febre associada; dor de cabeça intensa e persistente; vômitos em jato pela manhã sem náusea; alterações nos olhos, como proptose, estrabismo ou manchas brancas (leucocoria); distúrbios visuais; tosse persistente e falta de ar; aumento do volume abdominal; dor óssea que piora progressivamente e prejudica as atividades diárias da criança; deformidade em membros sem traumas, entre outros.
Considerando-se a complexidade da doença, o tratamento do câncer em crianças e adolescentes requer envolvimento e cuidados de equipes multiprofissionais especializadas.
Atualmente, dispomos de terapias mais avançadas, com protocolos quimioterápicos baseados em estudos cooperativos, com utilização de quimioterapia multimodal, cirurgias, radioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea, tudo isso cercado de melhoria nos cuidados de suporte, sejam eles clínicos, psíquicos e sociais, refletindo no bem-estar do paciente e de sua família.
Por: Dra. Milena Reis Santos de Oliveira – médica oncologista pediátrica do Hospital Santa Catarina – Paulista