Da adolescência à terceira idade: entenda os cuidados preventivos essenciais para cada fase da vida masculina
O Novembro Azul é reconhecido mundialmente como o mês de conscientização sobre a saúde masculina, com foco especial na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. Neste ano, a campanha da Rede Santa Catarina traz o slogan “conhecimento e cuidado mudam tudo”, e essa mensagem vai muito além de um simples chamado à ação: ela representa uma transformação necessária na forma como os homens encaram sua própria saúde.
Um dos maiores mitos em torno da saúde masculina é a ideia de que cuidados preventivos são “assunto para quem já passou dos 50”. Na realidade, a construção de uma vida saudável e a prevenção de doenças graves, incluindo diversos tipos de câncer, começam muito antes. Conhecer os riscos específicos de cada fase da vida e adotar os cuidados adequados pode ser a diferença entre um diagnóstico precoce, com altíssimas chances de cura, e um tratamento mais complexo e invasivo.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados cerca de 71.730 novos casos de câncer de próstata para o triênio 2023-2025 no Brasil, o que representa uma média de aproximadamente 23.910 casos por ano. No entanto, quando detectado em estágios iniciais, a chance de cura ultrapassa 90%. Esses números demonstram claramente que conhecimento e cuidado não são apenas palavras: são estratégias que salvam vidas.
Saúde masculina na adolescência e juventude (15 – 29 anos): o início da prevenção
Engana-se quem pensa que a saúde masculina só se torna relevante na maturidade. A adolescência e a juventude são períodos cruciais para estabelecer hábitos de autocuidado que farão diferença ao longo de toda a vida. É nessa fase que muitos homens podem ser afetados por um tipo de câncer frequentemente negligenciado nas campanhas de conscientização: o câncer de testículo.
De acordo com o INCA, o câncer de testículo é o tumor sólido mais comum em homens jovens, com pico de incidência entre 15 e 35 anos. Embora seja relativamente raro, representando cerca de 5% dos casos de câncer em homens, sua detecção precoce é fundamental e pode ser feita por meio do autoexame testicular.
O que observar no autoexame testicular?
O autoexame deve ser realizado mensalmente, preferencialmente após o banho, quando a pele do escroto está mais relaxada. Os principais sinais de alerta incluem:
- Presença de nódulos ou caroços indolores nos testículos
- Aumento ou alteração no tamanho de um dos testículos
- Sensação de peso no escroto
- Dor ou desconforto persistente na região
- Acúmulo de líquido no escroto
Detectado precocemente, ainda de acordo com o INCA, o câncer de testículo tem taxa de cura superior a 95%. Além disso, essa fase da vida é o momento ideal para construir uma cultura de autocuidado: consultas médicas regulares, atenção aos sinais do próprio corpo e abertura para dialogar sobre saúde sem tabus.
Vida adulta jovem (30 – 44 anos): prevenção ativa e fatores de risco
Entre os 30 e 44 anos, os homens geralmente estão no auge de suas carreiras e responsabilidades familiares, o que muitas vezes leva ao descuido com a própria saúde. No entanto, essa é uma fase crucial para a prevenção ativa, quando mudanças no estilo de vida ainda podem fazer grande diferença na redução de riscos futuros.
Estudos mostram que fatores de risco modificáveis estão diretamente relacionados ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, incluindo o câncer de próstata. Uma alimentação rica em gorduras saturadas, sedentarismo, obesidade e tabagismo são hábitos que aumentam significativamente as chances de desenvolvimento de doenças graves.
Check-ups essenciais nessa fase
Mesmo sem sintomas específicos, é fundamental estabelecer uma rotina de acompanhamento médico que inclua:
- Avaliação clínica geral anual
- Monitoramento de peso, pressão arterial e níveis de colesterol
- Avaliação de histórico familiar para identificação de riscos hereditários
- Orientação sobre hábitos alimentares e prática de atividades físicas
- Rastreamento de outros tipos de câncer conforme fatores de risco individuais
O histórico familiar merece atenção especial. Homens que têm parentes de primeiro grau (pai ou irmãos) que tiveram câncer de próstata apresentam risco até três vezes maior de desenvolver a doença, de acordo com o Ministério da Saúde. Nesses casos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que o acompanhamento médico especializado comece já aos 45 anos e, em homens negros, aos 40 anos, com realização de exames preventivos anuais.
Meia-idade (45 – 59 anos): o momento crucial do rastreamento
A partir dos 40 anos para homens com fatores de risco e dos 50 anos para a população geral, inicia-se a fase mais crítica para o rastreamento do câncer de próstata. É nesse período que a doença começa a ter maior incidência, e o diagnóstico precoce se torna determinante para o sucesso do tratamento.
O rastreamento do câncer de próstata envolve dois exames complementares e fundamentais.
Exames essenciais para detecção precoce
- Dosagem de PSA (Antígeno Prostático Específico): exame de sangue que mede os níveis dessa proteína, que podem estar aumentados em casos de câncer, mas também em outras condições benignas da próstata.
- Toque retal: procedimento rápido e essencial para avaliar tamanho, forma, textura e eventuais irregularidades na glândula prostática. Apenas o toque retal permite ao médico identificar características que o PSA não detecta.
É importante ressaltar que esses exames são complementares, não excludentes. O PSA pode estar normal mesmo quando há câncer detectável ao toque retal, e vice-versa. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a combinação dos dois exames aumenta significativamente a precisão diagnóstica.
Quebrar tabus salva vidas
Infelizmente, muitos homens ainda evitam os exames preventivos por preconceito, desinformação ou medo. Esse comportamento pode retardar o diagnóstico e reduzir drasticamente as opções de tratamento. É fundamental compreender que o exame de toque retal dura apenas alguns segundos e pode identificar alterações que salvarão vidas.
A resistência cultural masculina em buscar cuidados médicos tem impacto direto nas estatísticas de mortalidade. Dados do INCA mostram que o câncer de próstata é a segunda principal causa de morte por câncer entre homens no Brasil, perdendo apenas para o câncer de pulmão. Grande parte dessas mortes poderia ser evitada com o diagnóstico precoce.
Grupos de maior risco
Além do histórico familiar, outros fatores aumentam o risco e exigem atenção redobrada:
- Etnia: homens negros têm maior incidência de câncer de próstata e taxas de mortalidade mais elevadas, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Para esse grupo, o rastreamento deve começar aos 40 anos.
- Estilo de vida: obesidade, dieta rica em gorduras saturadas e sedentarismo estão associados a maior risco e formas mais agressivas da doença.
Terceira idade (60+ anos): acompanhamento contínuo e qualidade de vida
Após os 60 anos, o risco de câncer de próstata aumenta significativamente, tornando o acompanhamento médico regular ainda mais essencial. Nessa fase da vida, mesmo homens que nunca apresentaram alterações nos exames devem manter a vigilância, pois o câncer de próstata pode se desenvolver de forma silenciosa.
Monitoramento e opções de tratamento
O acompanhamento regular permite não apenas a detecção precoce de novos casos, mas também o monitoramento de lesões de baixo risco que podem não necessitar de tratamento imediato. Esse conceito, conhecido como vigilância ativa, evita tratamentos desnecessários e preserva a qualidade de vida do paciente.
Quando o tratamento é necessário, os avanços da medicina oferecem opções cada vez menos invasivas e mais eficazes:
- Cirurgia (prostatectomia): com técnicas minimamente invasivas, incluindo cirurgia robótica
- Radioterapia: com tecnologias de alta precisão que poupam tecidos saudáveis
- Terapia hormonal: para casos específicos ou em combinação com outros tratamentos
- Quimioterapia: reservada para casos mais avançados
A escolha do tratamento depende de múltiplos fatores, incluindo estágio do câncer, idade do paciente, condições gerais de saúde e preferências individuais. A medicina moderna permite que muitos homens mantenham excelente qualidade de vida durante e após o tratamento.
Importância da qualidade de vida
Na terceira idade, o foco não deve estar apenas na detecção e tratamento de doenças, mas também na manutenção da qualidade de vida. Hábitos saudáveis continuam fazendo diferença: alimentação balanceada, atividade física regular adaptada às condições individuais, controle de peso e acompanhamento médico preventivo contribuem para o envelhecimento saudável e reduzem riscos de diversas doenças.
Conhecimento e cuidado mudam tudo: como colocar em prática?
O slogan da campanha deste ano não poderia ser mais preciso. O conhecimento sobre os riscos específicos de cada fase da vida, combinado com os cuidados adequados, tem o poder de transformar estatísticas e salvar vidas. Veja como aplicar isso na prática:
Guia de cuidados por faixa etária
15 – 29 anos
- Realizar autoexame testicular mensalmente
- Estabelecer rotina de consultas médicas preventivas
- Construir hábitos saudáveis de alimentação e atividade física
- Buscar orientação médica ao identificar qualquer alteração
30 – 44 anos
- Manter check-ups médicos anuais
- Avaliar e modificar fatores de risco (peso, alimentação, sedentarismo)
- Investigar histórico familiar de câncer
- Para homens com histórico familiar: iniciar acompanhamento urológico aos 40/45 anos
45 – 59 anos
- Realizar exames de rastreamento de próstata anualmente (PSA e toque retal)
- Para homens negros ou com histórico familiar: iniciar rastreamento aos 40 anos
- Manter estilo de vida saudável
- Discutir riscos e benefícios do rastreamento com seu médico
60+ anos
- Continuar acompanhamento médico regular
- Realizar exames de próstata anualmente
- Priorizar qualidade de vida nas decisões de tratamento
- Manter hábitos saudáveis adaptados à idade
O impacto real dos números
As estatísticas são claras e motivadoras: quando o câncer de próstata é detectado em estágios iniciais, a taxa de cura ultrapassa 90%. Isso significa que nove em cada dez homens diagnosticados precocemente podem vencer a doença e ter vida longa e saudável.
Por outro lado, o diagnóstico tardio reduz drasticamente essas chances e torna o tratamento mais complexo, invasivo e com maiores impactos na qualidade de vida. A diferença entre esses dois cenários está, em grande parte, na disposição de cada homem para quebrar resistências culturais, vencer o medo e priorizar o autocuidado.
A hora de agir é agora
O Novembro Azul nos lembra anualmente que a saúde masculina merece atenção, cuidado e prioridade em todas as fases da vida. Não se trata apenas de fazer exames após os 50 anos, mas de construir uma trajetória de autocuidado desde a juventude, conhecendo os riscos de cada momento e adotando as medidas preventivas adequadas.
Conhecimento e cuidado mudam tudo. Mudam estatísticas, mudam prognósticos, mudam e salvam vidas. A Rede Santa Catarina está comprometida com a saúde masculina em todas as idades, oferecendo acompanhamento especializado, exames preventivos de última geração e tratamentos avançados para o câncer de próstata e demais condições que afetam os homens.
