O câncer de mama é um dos tipos mais comuns de câncer entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, ele lidera os casos, depois do câncer de pele não melanoma, com mais de 70 mil novos diagnósticos estimados para os próximos três anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Isso significa que aproximadamente uma em cada oito mulheres pode desenvolver essa doença ao longo da vida.
Alguns fatores que aumentam o risco incluem histórico pessoal ou familiar, presença de mutações genéticas hereditárias de predisposição ao câncer, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, consumo de álcool, tabagismo, terapia de reposição hormonal na pós-menopausa, entre outros.
O rastreio do câncer de mama tem como objetivo o diagnóstico precoce com impacto positivo na morbimortalidade. No Brasil, a atual recomendação do Ministério da Saúde para rastreio na população geral, sem fatores de alto risco, é a realização de mamografia (MMG) a cada dois anos em mulheres de 50 a 69 anos, com maior benefício entre 60 e 69 anos. Em contrapartida, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda a realização de MMG anual a partir dos 40 anos, considerando que aproximadamente 15% dos casos são diagnosticados em mulheres entre 40 e 49 anos.
Vale ressaltar que mulheres com mutações genéticas hereditárias conhecidas, como nos genes BRCA 1 e 2, merecem rastreio individualizado, em idade mais precoce e com mais regularidade. Indicações personalizadas também devem ser consideradas conjuntamente com o especialista nos casos de histórico familiar ou pessoal positivo para câncer de mama ou lesões que aumentam seu risco. Importante dizer que exames solicitados de forma indevida e sem indicações coerentes podem trazer consequências indesejadas, como biópsias desnecessárias em achados incidentais benignos, além de aumentar a ansiedade e angústia.
Importância do diagnóstico precoce
O rastreamento regular, como a mamografia, pode identificar o câncer de mama em estágios iniciais, aumentando muito as chances de tratamento bem-sucedido e reduzindo a mortalidade.
Graças aos avanços no diagnóstico e tratamento, a mortalidade por câncer de mama tem diminuído significativamente em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa de mortalidade caiu 42% desde 1989, resultado direto da detecção precoce e conscientização. Esses dados refletem não apenas a importância do rastreamento, mas também a adesão aos métodos preventivos.
Apesar dos avanços, ainda enfrentamos desafios significativos, especialmente em comunidades com acesso reduzido a cuidados de saúde. Mulheres negras e em países em desenvolvimento muitas vezes enfrentam barreiras no acesso ao rastreamento e tratamento adequado, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais inclusivas e equitativas.
Outubro Rosa: um chamado à ação
O mês de outubro é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama por meio da campanha Outubro Rosa. Seu objetivo é alertar e educar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Todos os esforços visam garantir que todas as mulheres tenham acesso igualitário aos exames necessários para o rastreamento, aumentando, assim, as chances de cura.
A prevenção é o melhor caminho contra o câncer de mama. Informação, conscientização e acesso aos cuidados de saúde são fundamentais para combater essa doença. Cada mulher deve estar informada sobre seus riscos e cuidados preventivos, garantindo uma vida mais saudável e longeva.
Nossa missão é fazer com que toda população tenha acesso aos exames preconizados para rastreamento de forma equitativa e, assim, impactar positivamente nas maiores chances de cura.
Por: Dr. Yuri Bittencourt, Oncologista Clínico do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Santa Catarina – Paulista
Referências:
SIEGEL, Rebecca L.; GIAQUINTO, Angela N.; JEMAL, Ahmedin. Cancer statistics, 2024. CA: a cancer journal for clinicians, v. 74, n. 1, 2024.
Estimativa 2023 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro : INCA, 2022.